Os primeiros passos do atleta Neymar , ainda no time de base da Portuguesa Santista e no Liceu São Paulo , onde o jogador estudou.
O técnico Fino, que trabalhava na Briosa e era professor no Liceu São Paulo, tradicional colégio de Santos, convenceu o diretor da escola, Ermenegildo Pinheiro da Costa Miranda, de que valia a pena dar uma bolsa de estudos para um garoto magricela de pernas finas e ágeis. O diretor aceitou de cara, afinal não há projeto de marketing melhor para as escolas da Baixada Santista do que montar uma boa equipe de futsal.
O campeonato intercolegial é organizado e transmitido pela TV Tribuna, afiliada da Globo, e levantar a taça diante das câmeras da principal emissora da região é o que todas escolas sonham.
Logo no seu primeiro ano no Liceu , Neymar conduziu o colégio à final do campeonato - perderam na decisão no Inter Anglo para o Anglo Americano por 4 a 2.
"Ele jogou demais aquele campeonato e acabou provocando ciumeira nas outras escolas. Chegaram a me acusar de o ter inscrito no campeonato sem que ele estivesse matriculado no colégio e frequentasse as aulas. Tive até de ir na Delegacia de Ensino pegar o registro dele e mostrar para os outros. Todo mundo queria ter um Neymar no seu time", conta Ermenegildo, conhecido como Tio Gil.
A irmã acabou pegando carona no sucesso de Neymar e também ganhou uma bolsa de estudo. Os Silva Santos, que já tinham deixado São Vicente e moravam no Jardim da Glória, bairro pobre da Praia Grande, tinham seus dois filhos matriculados em um dos melhores colégios da Baixada. Ao contrário dos seus vizinhos, Neymar não passava grande parte do dia na rua empinando pipa, andando de bicicleta ou jogando bola em campinhos esburacados. Ele desfilava o seu talento apenas em quadras de futsal e seus jogos no ginásio do Sesc eram acompanhados por um grande público nas arquibancadas e na TV. Seus coleguinhas de classe não moravam no Jardim da Glória, mas sim em Santos e à beira mar.
Com apenas 11 anos, Neymar já era conhecido na Baixada. Faltava apenas o grande salto.
O Santos estava reorganizando as suas categorias de base e cabia à dupla Alberto Vieira e Marcus Vinícius Rodrigues montar as equipes sub-12, sub-13, sub-14. No embalo da geração de Robinho e Diego, a ideia era montar times fortes para fazer sucesso não só na Baixada. "Fomos atrás dos melhores e o Neymar, claro, tinha de fazer parte do nosso time. Sabíamos que se ele não jogasse com a gente outro time iria pegá-lo. O potencial dele era notório", diz Alberto.
A contratação foi feita com o aval de Zito, bicampeão mundial em 62 e 63 e então coordenador das categorias de base do Santos. "Me pediram para dar uma olhada num garoto. Fui lá conferir e realmente o moleque era bom demais. Era um inferno com a bola nos pés. Pedi para o presidente (Marcelo Teixeira) fechar o negócio o mais rápido possível."
Então, no dia 10 de maio de 2004, Neymar da Silva Santos Júnior assinou um contrato de cinco anos com o Peixe para receber R$ 450 por mês. O resto da história todo mundo conhece...