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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Atleta da Seleção Brasileira Beatriz Zaneratto vai representar a Cidade de Botucatu nos Jogos Abertos do Interior em Bauru

Beatriz Zaneratto é uma atleta Brasileira que joga futebol feminino na Coreia do Sul. 

Ela também funciona como parte de uma equipe e trabalha arduamente para se tornar a futura camisa 10 da Seleção Brasileira principal. Acompanhem a história dessa menina atleta, que apesar da força e da altura, impressiona a todos pela sua meiguice.

O bom desempenho do futebol feminino oriental em campeonatos de grande visibilidade como o mundial e as olimpíadas aliado à grande concentração de jovens em países como a Coreia poderia explicar a mudança na mentalidade dos dirigentes locais para investir em esportes de massa. Nesse quesito, o futebol pode ser considerado como a porta de entrada para a felicidade.
  
Foi para Coreia e na mente levou um sonho: “disputar a olimpíada de 2016, que será realizada no Brasil. É um sonho que espero concretizar. Este sonho está nas mãos de Deus e no meu trabalho”.

Nascida na pequena cidade de Araraquara, a 300 km da capital São Paulo . Acostumada a enfrentar desafios, era artilheira nas equipes em que jogava, mesmo participando de campeonatos com meninos. Sentia prazer em superar obstáculos, chegando à condição de titular de uma equipe composta só por meninos, além da condição de artilheira aos 7 anos, mantendo sempre uma coisa em mente: “ser jogadora de futebol”.

Beatriz é religiosa e credita a Deus o dom de jogar futebol. Tentou se adaptar a outros esportes como vôlei, por exemplo, mas não se adaptou, pois o futebol sempre falou mais alto. E não faltou apoio para que voltasse a fazer o que realmente amava: “o futebol é o que dá sentido a minha vida. Não me vejo fazendo outra coisa a não ser jogar futebol”.

Que a família é o pilar de qualquer ser humano não há dúvidas. Mas, acompanhar a filha em viagens para assistir seu jogo ao lado de meninos é raro e mostra a cumplicidade entre seres que se amam. Observem as palavras de Bia:

“Minha mãe tinha o sonho de que eu fosse bailarina, e isso nunca passou pela minha cabeça, mas era o sonho da minha mãe. Independente da minha vontade, sempre me apoiou em toda e qualquer situação. Sempre foi presente e minha fiel companheira, mesmo não gostando de futebol, estava ao meu lado”

Pelo pai, um carinho especial. Seu João é o esteio, o coruja, o torcedor que gritava à beira do campo, seu fã número 1:

“Meu pai foi meu grande incentivador, sempre acreditou em meu potencial, tinha prazer em me ver jogar. Sempre foi meu conselheiro, falava como tinha que fazer, ficava grudado no alambrado vibrando a cada jogada, o famoso treinador e pai babão”

Bia é o típico ser humano que nasceu para superar barreiras. Explico: ela quer transformar as dificuldades da vida em motivação, a dor em prazer, buscando o alcance de objetivos. O amor pelo esporte contrasta com a instabilidade no futebol feminino. A luta incessante as transforma em “guerreiras”, e não as deixa desistir.

Querem exemplo mais claro? Bia chegou à equipe principal da Ferroviária aos 13 de idade, jogando contra adultas com experiência internacional e mesmo assim não se sentiu amedrontada. A maior prova – sua convocação para seleção sub 17. Como tem personalidade essa menina!

Ao chegar à seleção sub 17 com 13 anos, mostrou habilidade. Chutando com a perna esquerda, recebeu a camisa 10, e as comparações se tornaram inevitáveis: substituta da Marta? Pensaram que iria se abater, ledo engano. Bia não via a seleção como um sonho até chegar à Granja Comary. Achava algo distante, fora da realidade.

Seu João, seu pai, era o que mais acreditava e sempre afirmava: “você será a camisa 10 da seleção”. Previsão correta, a menina chegou se adaptou e jogou, mais o que pensou? Observem:

“A seleção era algo surreal para mim. Só queria aproveitar o momento que Deus estava me dando e fazer o melhor. Aquele momento não poderia mudar o meu comportamento, nunca me achei melhor do que ninguém. A humildade é a base sólida da vida”

Os gestos responsáveis como acordar cedo, estudar e depois treinar, fizeram-na referência na escola, pois todos achavam incrível, pediam autógrafos. Era uma sensação diferente, engraçada, pois Bia não se imaginava dando autógrafos aos próprios amigos. Todos achavam o máximo ela estar na seleção.

Nem o rótulo de futura substituta de Marta a fez mudar. Beatriz entende que Marta é um mito do futebol feminino, e tem plena consciência de que não haverá ninguém que a substitua e continua:“Marta é o marco da modalidade, a “rainha”, portanto não existe comparação”. Bia está procurando escrever sua própria história.

Tudo ao seu tempo. Bia teve grande destaque nas categorias sub 17 e sub 20 da seleção Brasileira. Já na seleção adulta, teve poucas oportunidades, o que é natural para uma atleta que sempre jogou com idade inferior à sua categoria.

Independente do que vier acontecer com a seleção, o atleta precisa estar preparado e pronto a servir a seleção.
Depois de defender a equipe da Ferroviária por anos e sempre com destaque, Bia encarou um novo desafio: no ano de 2010 foi defender as “Sereias da Vila”.

“Foi um ano único para mim, ano de grandes conquistas, muitos jogos, reconhecimento, visibilidade. A equipe Santista era o time mais badalado no futebol feminino naquele ano, e foi importante fazer parte da história do clube. Algo que me deixou muito triste foi o fim da modalidade. Um excelente time, estruturado, mas infelizmente o mundo do futebol feminino no Brasil é assim. Um clube se forma e outro acaba, parece a lei da poda”

Como o futebol feminino no Brasil não oferece estabilidade, após receber a proposta Coreana, leiam o que esta menina de apenas 20 anos pensou:

“A primeira coisa que pensei foi na minha família, pois a distância seria a maior dificuldade. Imaginei que não conseguiria. Minha família sempre foi e sempre será a minha fortaleza, eles me encorajam a viver essa loucura em busca de novos objetivos. E sob o lado profissional, é gratificante ver o meu talento reconhecido do outro lado do mundo. Quando optei por assinar contrato com a equipe Coreana, me entreguei de corpo e alma a essa aventura. A vida é feita de escolhas e eu resolvi aproveitar a oportunidade que o futebol me deu”

Como fala fácil essa menina. Com essas palavras, percebemos que é feliz. E não se impressionem a adaptação ao novo país, à cidade e ao povo recebe uma colocação especial:

“O começo sempre é difícil, tudo é diferente: o clima, à distância, a cultura, alimentação. Mas aos poucos fui me acostumando, adaptando meu estilo de jogo ao deles. A cidade que moro se chama Incheon, e o nome do clube é Hyundai Steel Red Angels”

Apesar de ser pentacampeão no futebol masculino, o futebol feminino do Brasil não tem nenhum título mundial e nenhuma medalha de ouro olímpica. Ainda é considerado pelos brasileiros um esporte de homens. Marta é uma exceção a essa regra e seria muito bom se houvesse o apoio da iniciativa privada, para alavancar o futebol feminino no Brasil.Bia nos fala como faz para se comunicar no clube e no país onde mora e joga:

“A comunicação com as atletas é feita por meio das mímicas, às vezes sai umas palavras em coreano, mas é um idioma difícil e diferente de tudo. Tenho uma tradutora e isso facilita, mas quando não estamos com ela, fica complicado. Para elas parece mais fácil aprender o português do que eu aprender o coreano”

Em conversa via internet, fiz a seguinte pergunta. O seu futebol evoluiu na Coreia? Vejam a resposta:

“Evoluí o meu cabeceio, as coreanas são altas e tive que melhorar, era necessário. Melhorei também meu passe e movimentação. É um futebol rápido, com muitas trocas de passe e movimentação, ou seja, o futebol Coreano é dinâmico e técnico”

Avancei no questionamento e perguntei que lição o futebol Coreano poderia acrescentar para o futebol feminino Brasileiro. Observem a ousadia:

“Uma lição seria o comprometimento, pois aqui na Coreia existem pessoas dedicadas e querendo que o futebol feminino cresça. Os diretores comparecem aos estádios, os campos são de alto nível. Os times têm ônibus próprio, com o logotipo do time, material de primeira qualidade, campos bons para treinamento, é outra realidade se comparado ao Brasil. Isso deveria ser normal em nosso país”

Deveria ser normal, mas não é e por isso o futebol Asiático, Americano, Europeu, pedem passagem para o futebol feminino Brasileiro. Elas avançam e nós ficamos estagnados. Com relação ao futuro do futebol feminino no Brasil, Bia fala o que pensa:

“Eu quero acreditar que o futebol feminino no Brasil vai melhorar que as coisas acontecerão positivamente e haverá interesse por parte de quem comanda a modalidade, como empresas, mídia e patrocinadores.  Com a estrutura que temos hoje no Brasil, fica difícil ter uma formação correta, mas sempre existe o algo mais, o querer, a busca, fazer as coisas acontecerem. Quem tiver a oportunidade de seguir para o exterior vá, será uma grande escolha”

“Faz-se necessário um futuro mais tranquilo, mas esta tomada de decisão envolve muita coisa. Porém uma coisa eu aprendi: se pensarmos muito há possibilidade de desistir por medo do que virá. Eu escolhi arriscar. Para aqueles que trabalham as portas sempre irão se abrir, precisamos ter coragem, pois assim teremos resultados”

Mensagem para as meninas que pretendem iniciar no futebol:


“Deixo o meu recado dizendo que nada é impossível quando nos dedicamos de corpo, alma e coração. Precisamos acreditar que somos capazes e não importa o que digam e o quão estranho acham o que você faz. Se você ama jogar futebol, não desista deste sonho, desse amor, dessa paixão. Aproveite e faça valer a pena cada oportunidade que surgir em sua vida, faça das dificuldades a sua motivação, não deixe que as dificuldades a impeçam de lutar, de se superar sempre. Os obstáculos fazem parte da trajetória do vencedor. Só alcança o sonho aquele que não desiste independente das dificuldades”